Ao menos 103 pessoas morreram nesta quarta-feira (3) e 188 ficaram feridas na cidade iraniana de Kerman, após duas explosões perto do cemitério onde está enterrado o comandante militar Qasem Soleimani, no que as autoridades locais chamaram de ataque terrorista.
Pelo menos uma das explosões teria sido causada por uma bomba, disse a TV estatal. O caso ocorre no quarto aniversário da morte de Soleimani, que foi assassinado em um ataque aéreo dos Estados Unidos ordenado pelo ex-presidente Donald Trump no Aeroporto Internacional de Bagdá, e ameaça aumentar as tensões na região.
A primeira explosão ocorreu a 700 metros do túmulo de Soleimani, e a segunda a um quilômetro de distância, quando peregrinos visitavam o local, acrescentou a rede de notícias IRNA.
O IRINN, outro canal de televisão estatal, informou que a primeira explosão foi causada por uma bomba colocada numa mala dentro de um carro Peugeot 405, e parecia ter sido detonada remotamente.
O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, disse durante uma entrevista ao canal de notícias estatal iraniano IRIB que a primeira explosão aconteceu às 15h, no horário local. Vahidi afirmou que o segundo estouro, mais mortal, ocorreu 20 minutos depois, quando outros peregrinos foram ajudar os feridos.
Nenhum grupo assumiu ainda a responsabilidade pelas explosões. O Irã declarou esta quinta-feira (4) como dia de luto.
Vídeos publicados na imprensa estatal iraniana mostraram multidões correndo na área após a explosão, assim como corpos ensanguentados sendo transportados e ambulâncias saindo do local em meio às pessoas.
Anteriormente um dos homens mais poderosos do Irã, Soleimani era chefe da Força Quds dos Guardas Revolucionários, uma unidade de elite que gere as operações do Irã no exterior e foi considerada uma organização terrorista estrangeira pelos Estados Unidos.
O Pentágono ressalta que Soleimani e as suas tropas foram “responsáveis pela morte de centenas de militares americanos e da coalizão e por ferir milhares de outros”.
Conhecido como o “comandante sombra” do Irã, Soleimani, que liderava a Força Quds desde 1998, foi o cérebro das operações militares iranianas no Iraque e na Síria.
O general Ismail Qaani, tenente de longa data de Soleimani e seu sucessor como líder da Força Quds, observou que os perpetradores estavam “desesperados”, alertando que “a República Islâmica não mudará o método de erradicação do regime sionista”.
Os Estados Unidos disseram que não estão envolvidos nas explosões e que “não temos motivos para acreditar que Israel esteja envolvido”, segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matt Miller.
Miller acrescentou em coletiva de imprensa do Departamento de Estado que os EUA não “têm qualquer informação independente” sobre as explosões e, como tal, não ofereceriam uma avaliação sobre quem poderá estar por trás delas.
Explosão ocorre em momento tenso na região
A explosão ocorreu em meio ao aumento das tensões na região, enquanto Israel trava uma guerra de três meses contra o Hamas em Gaza, motivada pelo ataque do grupo armado a Israel em 7 de outubro.
Na terça-feira (2), um importante líder do Hamas foi morto em um subúrbio de Beirute, no Líbano, em uma explosão que uma autoridade dos EUA disse à CNN ter sido realizada por Israel.
Israel não confirmou nem negou o envolvimento no caso, mas o Hamas e o grupo Hezbollah, que controla o subúrbio, culparam o país e juraram vingança.
Em discurso que marcou o aniversário da morte de Soleimani, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ressaltou que o assassinato da autoridade do Hamas em Beirute “não ficará impune”.
Fonte: CNN