A cidade de Sousa, no Sertão paraibano, abriga o maior conjunto de pegadas de dinossauros provenientes da fase inicial do período Cretáceo da América Latina, descobertas por acaso por um fazendeiro da região, mas registradas pela primeira vez, com ilustrações, em um livro publicado há 100 anos por um engenheiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
O Monumento Nacional do Vale dos Dinossauros, que além de Sousa, também compreende uma área de mais de 1,7 mil km² em outras cidades da bacia do Rio do Peixe, foi inaugurado em 1999 e se tornou uma unidade de conservação em 2002. Porém, foi em 1924 que o engenheiro de minas Luciano Jacques de Moraes (1896-1968) publicou seus desenhos sobre as pegadas que ele atribuiu a dinossauros, no livro “Serras e Montanhas do Nordeste”.
No documento, o engenheiro — que não era paleontólogo — fez anotações sobre os tipos das pegadas e algumas características sobre as possíveis espécies de dinossauros que teriam produzido. Segundo o DNOCS, amostras das pegadas foram enviadas aos Estados Unidos, para serem estudadas, mas o Luciano nunca obteve resposta. Anos depois, outras amostras foram enviadas para um pesquisador da Alemanha e, só então, cientistas da paleontologia reconheceram algumas das espécies de dinossauros que passaram pela região há milhões de anos.
Vale dos Dinossauros
Segundo a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) da Paraíba, o Vale dos Dinossauros é um dos sítios paleontológicos mais conhecidos do mundo. O local contém pegadas de cerca de 80 espécies de dinossauros, que podem ser visitadas por turistas por meio de trilhas em passarelas, de forma a conservar os registros pré-históricos.
As pegadas mais nítidas do Vale são de um iguanodonte, um herbívoro de cinco metros de altura, três de comprimento e quatro toneladas. Ao todo, são 43 marcas; 53 metros de uma ponta à outra.
Além das trilhas, os visitantes também podem conferir mirantes para as pegadas, e também um museu com material de pesquisa paleontológica acerca das espécies que habitavam a região, entre eles, o fóssil do dinossauro “Sousatitan”, espécie inédita no Nordeste.
O fóssil do dinossauro da família titanossautidae foi descoberto por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O estudo que resultou na descoberta começou depois que um fóssil, que seria uma fíbula — osso da perna do animal — foi encontrado na zona rural do município, em 2014.
Ainda de acordo com o grupo de pesquisa, a estimativa é de que o titanossauro tenha habitado a região há cerca de 130 milhões de anos e tenha vivido na região fluvial do Rio Piranhas. Segundo o grupo de pesquisa, o fóssil é um dos mais antigos já encontrados no Brasil.
Por Diogo Almeida, g1 PB