Ataques israelenses isolaram a principal passagem de fronteira do Líbano com a Síria na manhã desta sexta-feira (4), horas depois de um intenso ataque israelense nos subúrbios ao sul de Beirute, que se acredita ter como alvo o aparente herdeiro do secretário-geral assassinado do Hezbollah.

Os ataques aumentaram os receios dentro do Líbano de que uma nova ofensiva de Israel aos militantes libaneses do Hezbollah apoiados pelo Irã irá provocar um conflito total, com Israel também preparado para responder à barragem de mísseis iranianos de terça-feira (1) no seu território. O presidente dos EUA Joe Biden disse na quinta-feira (3) que a resposta de Israel poderia incluir um ataque às instalações petrolíferas do Irã.

O ministro libanês dos Transportes, Ali Hamieh, disse à Reuters que o ataque desta sexta-feira na fronteira com a Síria atingiu o território libanês perto da da passagem na fronteira, criando uma cratera de quatro metros de largura.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) acusaram o Hezbollah na quinta-feira de usar a passagem com a Síria para transportar equipamento militar para o Líbano.

“As FDI não permitirão o contrabando dessas armas e não hesitarão em agir se forem forçadas a fazê-lo, como tem sido feito durante esta guerra”, disse o porta-voz das FDI, Avichay Adraee, no X.

De acordo com estatísticas do governo libanês, mais de 300 mil pessoas – a grande maioria delas sírias – atravessaram do Líbano para a Síria nos últimos 10 dias para escapar ao crescente bombardeamento israelita.

O subúrbio ao sul de Dahiye, um reduto do Hezbollah apoiado pelo Irã, foi alvo de novos ataques perto da meia-noite de quinta-feira, depois que Israel ordenou que as pessoas deixassem suas casas em algumas áreas, disseram moradores e fontes de segurança.

Os ataques aéreos tiveram como alvo Hashem Safieddine, oficial do Hezbollah, suposto sucessor de seu líder assassinado Hassan Nasrallah, em um bunker subterrâneo, disse o repórter do Axios, Barak Ravid, no X, citando três autoridades israelenses.

O destino de Safieddine não estava claro, disse ele.

Os militares de Israel recusaram comentar e o Hezbollah não fez comentários sobre o destino de Safieddine.

Enormes explosões abalaram o céu nas proximidades do principal aeroporto de Beirute nas primeiras horas de sexta-feira, e civis libaneses disseram que viviam em constante medo.

“É como se você estivesse vivo, mas não vivo. Estamos vivos, mas não sabemos por quanto tempo, estamos vivos, mas não sabemos quando os foguetes atingirão você e sua família”, disse Nouhad Chaib, de 40 anos.

Os militares israelenses disseram nesta sexta-feira aos residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para deixarem suas casas imediatamente, disse o porta-voz Avichay Adraee no X enquanto Israel avançava com suas incursões na região. Quase 90 aldeias no sul receberam ordens de deslocamento até agora, bem como partes dos subúrbios ao sul de Beirute.

Três equipes de resgate ligadas ao Hezbollah foram feridas em um ataque em um subúrbio ao sul, disse uma fonte de segurança libanesa à Reuters.

O Hezbollah do Líbano anunciou vários ataques nesta sexta-feira contra posições dentro de Israel, incluindo o salvamento de mísseis na base israelense de Ilania.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, desembarcou em Beirute na sexta-feira, segundo a mídia estatal libanesa. Ele deverá se encontrar com o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, e com o presidente do parlamento, Nabih Berri, que é um aliado próximo do Hezbollah.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio

O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.


Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.

O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.

As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas. No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.

Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.

Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.

Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.

O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.

Fonte: CNN Brasil